quinta-feira, julho 26, 2007
00:25
Fã Clube

(por Fábio Ricardo de Oliveira, no dia do escritor - 25/07/2007)

Fazia 20 anos que Fred não escrevia um livro. Isso não é mentira, mas também não é bem verdade. Na realidade, fazia 20 anos que Fred não escrevia exatamente nada.
Há 20 anos, Fred lançou seu último livro, exatamente no dia que sua mulher morreu brutalmente assassinada. A forma da morte? Detalhadamente a mesma descrita em seu romance policial, lançado na mesma noite.

No início, a polícia imaginou que Fred era o assassino, e teria descrito em obra o jeito horripilante que mataria a mulher. Ele chegou a ser preso, mas o álibi de uma noite de autógrafos na capital logo o libertou, deixando-o entregue aos seus pensamentos e à vontade constante de vingança.
Os jornais noticiaram na capa a manchete que falava sobre mulher de escritor ser assassinada com os mesmos requintes de crueldade descritos no mais perturbador de seus livros. Livro este que foi rechaçado pela crítica que o chamou de “bestial e selvagem”. E assim foi a morte de Gabriela, sua esposa. Bestial e selvagem.

Três meses depois, Vinícius morre violentamente quando volta da escola. Ele tinha apenas 17 anos, e nenhuma ligação com Gabriela ou Fred. Gustavo teve o mesmo fim, arremessado do topo de um edifício no Centro da cidade. Gustavo não era amigo de Vinícius, Fred ou Gabriela. Cristiano conhecia Gustavo, e morreu assassinado quando caminhava em direção à biblioteca. Estes rapazes, e outros tantos que vieram a seguir, não tinham nenhuma grande ligação entre si ou com Fred e Gabriela. Apenas eram fãs do autor. Grandes fãs, os maiores.

Sempre eram os primeiros da fila para comprar os livros em seu lançamento. Eram os únicos que tinham suas obras autografadas. O mesmo grupo de cerca de dez garotos que tinham o privilégio de receber um autógrafo do excêntrico autor. E eram os únicos que tinham tanta voracidade pela leitura doentia proporcionada pelas obras de Fred a ponto de conseguirem terminar de ler o seu maior e mais cruel livro tão rapidamente.

Sujo de sangue, o escritor pegou a caneta, riscou o nome de Gian da lista impressa no site de seu próprio fã-clube e depois rolou com o pé o corpo do jovem pela encosta do rio. Dobrou a folha em quatro pedaços, colocou-a no bolso da jaqueta e falou consigo mesmo: calma, Gabriela, só faltam dois.

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Fábio Ricardo

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