terça-feira, dezembro 19, 2006
23:46

As Rosas Não Falam

Fábio Ricardo e Natália Maeda
Escrito em 19/12/2006

Sabe lá eu de onde tirei aquelas idéias tolas. O café, a chuva, tudo se misturando como uma história só. Deve ter sido a ressaca. Todas as memórias coloridas de noite passada continuam lutando entre si. Assim fica difícil pensar em algo concreto.

Lá fora a lua brilha enorme, refletindo à atmosfera e pintando de azul turquesa um céu estranhamente desestrelado. Enquanto aqui dentro sento eu e meus papéis, tentando criar a próxima fala de Rosaura. Rosaura que tem a pele negra como a noite lá fora, mas que não tem rosto. Ainda não tem. "Sabe lá eu de onde tirei aquelas idéias tolas". Será que Rosaura falaria isso? É, acho que sim. Rosaura é simples, mas é inteligente. Por isso se questiona tanto. Questiona-se tanto, mas tanto, que acaba inventando suas próprias respostas, ditando uma enciclopédia para perguntas existenciais e questões atmosféricas. Ah, Rosaura... Sem querer aquela rosa na janela lhe falou bom dia, e não é que Rosaura criou a teoria da solidão das flores?

Solidão das flores... solidão das flores.... droga! onde é que está a página que vinha depois da solidão das flores? Tento me lembrar. Luísa tinha falado pra Rosaura sobre o buraco no teto. Aquela parte da divagação. Página quinze, segunda versão do capítulo dois. "Então achei que as flores se sentissem sozinhas". Ah, sim. Aqui está. A teoria da solidão das flores.

Não sei o que escrever. Não bastam teorias e idéias usadas. Rosaura se lembra novamente das flores melancólicas - mas e aí? De teorias as livrarias estão cheias. É um tal de monges que mexem nos queijos dos executivos que eu fico perdido. Pérolas de auto-ajuda destiladas ao sabor dos ventos, prontas para supervalorizar. Rosaura não pode ser mais uma dessas. Rosaura tem que ser única, tem que ser sábia sem saber. Como queria eu sê-la, sem necessitar traduzir em palavras de normas - ou normas de palavras - o anacronismo de uma sabedoria forjada (como essa). Eu quero ser simples como a rosa que falou bom dia, só isso. Rosaura tem que ser sábia, eu tenho que ser simples. Mas como fazer isso se o contrário é tão cortante?

Respiro fundo e me recosto na cadeira. Começou a chover de novo.

O verão é quente e as chuvas parecem ter hora marcada. Iniciam às 17h, fazem uma breve pausa às 17h40 e voltam a molhar em menos de meia hora. Todo dia assim. Todo dia o mesmo cinema na janela em frente à minha mesa. De certa forma, é até bom. Há meses que a televisão não pega. A chuva passa a ser uma companheira fiel. Vem a nuvem, o céu escurece, caem gotas frias. As rosas no parapeito tomam banho, Rosaura passa correndo pelo quintal, rindo.

As gotas da chuva e do absinto se misturam pela milionésima vez. Passo a tarde olhando Rosaura tomar banho de chuva no quintal. A tez negra e o vestido branco, molhado, girando no quintal.

Mas, de repente, ela olha para mim. Olha em meus olhos. Fico atordoado, isso nunca aconteceu antes. A minha criação me contempla e me convida para entrar no seu mundo. Fico paralisado. Olho para a taça vítrea repleta do líquido verde. Está lá. Todo o absinto continua na taça, ainda não dei sequer um gole. Bêbado não estou, terei ficado louco?

Rosaura ri de minha incredulidade. Seu riso é leve, solto. Seus cabelos molhados balançam e dançam. Ela vem até minha janela e se debruça sobre o parapeito, sorrindo como se quisesse dizer "fique calmo!”. Eu aguardo, aguardo e nada. Nem uma palavra.

Rosaura estende lentamente a mão molhada, até encostar em meu rosto frio de nervosismo. Ela cheira a jasmim. Fecho os olhos, querendo me enganar de que isso tudo é possivelmente normal.

Aproximo-me cada vez mais, sentindo o cheiro de jasmim, que juro sentir vindos de seus lábios. O rosto de Rosaura fica a dois palmos do meu. Sim, agora consigo ver como ele é. No começo, só havia os cabelos cacheados e a pele negra, mas agora vejo com uma clareza profunda os olhos verdes e vívidos, os lábios grossos, os dentes brancos sorrindo para mim... Aproximo-me cada vez mais. Rosaura também se aproxima, olhos fechados e lábios unidos, assim como os meus.

Ela me beija. Mas não a sinto.

Abro os olhos, assustado. Meu lábios estão colados na janela fechada, minha respiração embaça o vidro encostado no meu rosto. Lá fora a noite continua azul, mas não chove.

Encabulado, vejo a garrafa vazia, caída no tapete.

Sabe lá eu de onde tirei aquelas idéias tolas.

Fábio Ricardo
quarta-feira, dezembro 13, 2006
16:13

Ontem fui à Itajaí para dar uma entrevista para o programa Pirão Catarina, da Rádio Univali.
O programa vai ao ar no domingo, 18h, pelo dial 94,9 FM em Itajaí, ou então pela internet no endereço www.univali.br/radioou seja, você não tem desculpas para não ouvir.

O tema é simples e abrangente: ROCK.

Não sei quando foi que eu me tornei uma assumidade do rock catarinense, mas nos últimos 6 meses já fui convidado para dar 3 entrevistas sobre o assunto. Já estou pensando em começar a dar palestras sobre o tema e faturar uma graninha, hehehe.

Mas vou filosofar sobre o rock catarinense e sobre o meu papel como pseudo-jornalista musical em outra hora. Tenho muitas coisas na cabeça no momento e fica difícil falar concisamente e com firmeza sobre o meu papel na música catarinense e/ou blumenauense.
Papel esse que vai aumentar, com certeza. Só não sei quando. Quanto antes, melhor.

Mas fica aí o convite. Ouça a rádio nesse final de semana e veja o que esse reles jornalista pensa de música, ídolos, esteriótipo roqueiro, futuro da música e outras coisas ligadas ao roquenrou.

De quebra, você curte um programa animado, de Fim de Ano, ouve um monete de sons que eu separei especialmente para levar para o programa e concorre a diversos brindes!
É só ficar ligado ,telefonar e garantir o seu!

Entre os sons do programa, vai rolar The Zorden, X-Play, Aerocirco, Tribuzana, Tijuqueira, Alfajor, Stuart, Liss, Enzime, Repolho, Enfermitos, Down Jones, Edgand's, Madeixas, Lenzi Brothers e muito mais.

Sonzera boa para animar o fim de tarde!

Fique ligado:
Domingo, 18h, na Rádio Univali
www.univali.br/radio

Fábio Ricardo
quinta-feira, dezembro 07, 2006
20:21

Morreu Élio Hahnemann.

ok, todo mundo sabe disso. e todo mundo que lê o o Santa tbm sabe que eu fui lá no velório dele.

não conheci o artista nem a pessoa. ao menos não pessoalmente. Mas conheci seus quadros. Élio Hahnemann era grande.

Tudo que ele fazia era colorido. Pintava o mundo em cores mais alegres.
Sua vida tinha tudo para ser em preto e branco. Portador de uma doença que o degenerava aos poucos, não tinha membros.
Mesmo assim, seu sorriso era colorido, dizem os que o conheceram.

No dia que Hahnemann morreu, os dias ensolarados que aqueciam Blumenau viraram lembrança.
Suspeito que tenho sido ele a pintar aqueles sóis bonitos, todas as manhãs no céu.

Pois quando ele morreu, o dia ficou cinza. O cinza escorreu do céu escondendo o azul, o amarelo, o verde...
Só sobrou cinza, por tudo.

O céu choveu e chorou. E molhou os corações, cujas lágrimas artísticas escoriam também.

Logo depois do enterro, o sol surgiu.
Élio chegou no céu, pegou seus pincéis pela primeira vez sem a necessidade de artefatos. Pois no céu, nós não precisamos ter mãos para segurar os pincéis da imaginação.

E lá de cima ele pintou um dia bonito. Um céu azul, nuvens bramquinhas, folhas verdes e um sol amarelão.
Colorido como seus quadros.

Agora, os dias devem ser mais bonitos.
Se ele não pinta mais aqui embaixo, com certeza vai passar a pintar lá em cima.

Continue pintando um mundo mais bonito.


Fábio Ricardo, 7/12/2006 - 20:20

Fábio Ricardo
quarta-feira, dezembro 06, 2006
00:43

Olha só... Fodzillas voltando a ensaiar a partir de semana que vem, com shows em mente para o início de 2007.

Enquanto isso, minha antiga banda, que um dia se chamou Máscara da Morte Rubra, mas no fundo não tem nome nenhum, dá sinais de ressureição.
A idéia é fazer um último show, de despedida, marcando o fim oficial da banda.

taí o repertório, quem quiser chamar a gente pra tocar é só avisar!

Velhas Fotos - Tequila Baby
Causa Mortis - Gessinger Trio
Freud Flinstone - Gessinger Trio
Solitária - musica própria
Discurso Abafado - música própria
Links - Rammstein
Mapas do Destino - música própria
Sweet Dreams - Marylin Manson
Paranoid - Black Sabbath
Refrão de Bolero - Engenheiros do Hawaii
A Promessa - Engenheiros do Hawaii
We Fuckin' Fry - música própria

a idéia é um show, curto, de 30 a 40 minutos, só pra despedida mesmo.

Fábio Ricardo
sexta-feira, dezembro 01, 2006
10:28

Hoje de noite tem Festa de Encontro dos Leitores da Coluna do Horácio, no Botequim Colonial 69, no Shopping Neumarkt, às 18h.

Vai rolar de tudo um pouco. A idéia é se divertir com as piadas e causos do colunista, relembrando um pouco destes 14 anos de coluna no Santa. Se você é um dos 17 leitores dele (piada interna blumenauense), não perca!

Eu estarei lá, a partir das 18h.
Vai ter sorteio de camiesetas do encontro (17) e troféus em homenagem aos monges beneditinos (17 tbm). Para quem não sabe, estes monges eram famosos por fazerem a melhor cerveja do mundo, e terem cunhado a frase "o ato de beber cerveja é uma coisa tão divina que deveria ser feita de joelhos".
Também terá distribuição de CDs de música clássica, e quem levar a foto da sogra na carteira ganha um anjinho de cristal.

Vai ter sessão de fotos, de causos, piadas e trololós. Alegria pra ninguém botar defeito!


E amanhã vai rolar o último show do ano da Barba Ruiva Produções!
Vai ser no Naga Laut, às 21h, com shows das bandas Calvin, Display, Lovelee e Bug Scream.

Eu vou principalmente pelo show da Calvin e da Bug Scream, duas ótimas bandas de punk rock um pouco melódico, que chama a atenção aqui para nossa região.

vamos lá prestigiar e curtir um bom roquenrou?

Fábio Ricardo

[início]

PERFIL
Fábio Ricardo
24 anos
Jornalista
Editor Assistente da Mundi Editora
Baixista da banda Fodzillas
Corredor de rua amador
Blumenau - SC

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fabio_ro@hotmail.com



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