sexta-feira, março 05, 2004
00:23 |
LEITURA - Toda a beleza da sujeira A vasta produ��o po�tica do escritor Charles Bukowski come�a a ser publicada no Brasil atrav�s do livro "'Hino da Tormenta" Marcos Losnak Especial para a Folha2 Tolice faz parte da vida. Do mesmo modo como caf� frio ou cerveja quente. A diferen�a � que todo ser humano experimenta a tolice, mas nem todos possuem a oportunidade de provar um caf� frio ou uma cerveja quente. Tolice � aquilo que faz com que os homens acendam suas �ntimas lanternas num t�nel escuro. Ela tamb�m faz com que pessoas, por motivos diversos, alimentem com pilhas velhas suas lanternas. Ela pode fazer qualquer coisa, seguir em qualquer dire��o. O escritor norte-americano Charles Bukowski (1920 - 1994) direcionou toda sua obra no sentido de combater a tolice, que ele chamava de pura hipocrisia humana. Mais conhecido no Brasil por sua produ��o liter�ria em prosa s�o 11 t�tulos publicados entre contos, novelas e romances , Bukowski deixou uma produ��o po�tica enorme. Inexplicavelmente, at� pouco tempo atr�s, n�o havia nenhum livro de poesia de sua autoria publicado em portugu�s. O primeiro apareceu h� um ano, "Os 25 Melhores Poemas de Charles Bukowski", lan�ado pela Editora Bertrand Brasil com tradu��o de Jorge Wanderley, falecido antes de ver o livro publicado. O segundo, "Hino da Tormenta", surge agora atrav�s da Espectro Editora, uma editora novata de Florian�polis, que promete publicar ao longo de 2004 mais tr�s volumes da poesia produzida por Bukowski. Desde seus primeiros textos, deixou claro que n�o queria fazer parte de tolices da vida. Especialmente a tolice da cultura norte-americana com seu excesso de sucesso e bem-estar. Para ironizar a tolice, criou uma escrita pautada por uma ironia humorada e por um her�ico ''foda-se'' a tudo a todos. Arrastando uma legi�o de f�s, Bukowski criou uma literatura pautada pela simplicidade e pela oralidade cotidiana. Em suas narrativas n�o enrola o leitor, deixa tudo claro, descarado. Pode ser considerado um escritor popular, n�o daqueles que produzem novelas para televis�o, mas hist�rias para os leitores que saem de casa porque n�o suportam as novelas da televis�o. Sua poesia � uma extens�o direta de sua prosa e vice-versa. Grande parte de seus versos s�o diretos, o que pode ser confundido, inadvertidamente, com facilidade po�tica. Narram pequenas hist�rias onde as personagens quase sempre o pr�prio narrador vivem seus dramas com um p� nas dores da exist�ncia e outro na coragem de permanecer vivos da maneira que bem entenderem. Como qualquer b�bado experiente, sabe que toda narrativa tende a ser uma conversa, uma hist�ria a ser contada com toda a fluidez que a oralidade oferece. Os versos reunidos em ''Hino da Tormenta'' integram o livro ''Open All Night: New Poems'', �ltimo t�tulo do escritor e publicado postumamente em 2000. A tem�tica gira do peculiar universo bukowskiano: bares da periferia, b�bados escorregando pelos balc�es, fracassados com dignidade de nobres, jogadores apostando at� a vida, putas que representam mulheres ideais, desajustados de todos os tipos e o peculiar desprezo � burguesia norte-americana com toda sua hipocrisia ass�ptica. Como todo e qualquer livro de versos, ''Hino da Tormenta'' possui tanto belos poemas como textos que o autor n�o teve a iniciativa de jogar em sua lixeira particular. A literatura de Bukowski n�o est� pautada pelo rigor. Numa �poca em que o rigor tornou-se uma lei que todos devem seguir, ele simplesmente faz o que bem entende com extrema personalidade. Quebrando a ''ditadura do rigor'' deixa a poesia mais pr�ximado leitor, tenha ele o mais variado perfil. Entre as ''bobagens sujas'' de seus poemas, Bukowski tem a capacidade de inserir conte�do requintado com rela��o � condi��o humana. O que ele se prop�e a dizer, n�o aparece diretamente com a fluidez de sua narrativa, mas de maneira discreta como pequenos goles. A arte de transformar sujeira em beleza. Servi�o: - ''Hino da Tormenta'' de Charles Bukowski, Spectro Editora (www.spectroeditora.com.br), tradu��o de Fabio Soares, Gerciana Esp�ndola e Sigval Scheitel, 96 p�ginas, R$ 18,00. e recomendo tb, o blog da onde roubei isso... trata de arte, teatro, m�sica, literatura e cultura em geral. � o site do M�rio Bertolotto. |
Fábio Ricardo |
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