terça-feira, dezembro 09, 2003
14:16 |
T�, eu sei que eu n�o escrevo contos de terror, por sinal nunca escrevi nada de terror propriamente dito. Mas hj acordei levemente inspirado, e quem quiser ver o resultado disso, t� aqui: Dores internas (F�bio Ricardo de Oliveira) Acordou cedo, como normalmente fazia. Costumava levantar-se junto com o sol, por�m dessa vez levantou-se e o sol ainda adormecia. Acordou cedo por causa de uma terr�vel dor de barriga que o atacara durante a noite. Sua noite foi marcada por pesadelos, um sono turbulento, onde n�o conseguiu descansar. Levantou-se j� com as m�os pressionadas contra a barriga e correu para o banheiro. Sentou-se na privada, cal�as baixas, mas nada aconteceu. A dor parecia ser interna, uma dor forte, aguda, n�o uma simples dor de barriga. Ajoelhou-se de frente ao vaso e tentou vomitar. N�o conseguiu. Enfiou o dedo na garganta, for�ando o v�mito, e ent�o uma dor aguda tomou conta de seu corpo. Caiu de lado no ch�o do banheiro, os olhos cheios de l�grimas e um gosto amargo de sangue nos l�bios. Conseguiu se levantar com dificuldade, escovou os dentes e desistiu da id�ia de tentar comer algo antes de ir trabalhar. Seria imposs�vel. Vestiu-se e entrou no carro. Ao sentar no carro a dor aumentou. Sentiu como se houvesse algo dentre de si. Respirou fundo, ligou o carro e partiu. A caminho do centro da cidade, onde trabalhava, teve mais um forte ataque de dor. Encostou o carro no acostamento, abriu a porta e vomitou. Seu v�mito era composto de sangue e restos de carne. A dor era insuport�vel, n�o podia se controlar. Sentou-se novamente e deu um forte soco contra o pr�prio est�mago, xingando monstros imagin�rios. Sentiu ent�o, uma dor insuport�vel, como se min�sculos dentes se afundassem contra a parede interna de seu est�mago. Tossiu pequenas gotas de sangue contra o p�ra-brisa do carro e caiu de lado, deitado no asfalto, vomitando sangue e pequenos peda�os de seus pr�prios �rg�os internos. Sentia como se dentro de si houvesse um pequeno monstro que o devorava cent�metro por cent�metro, e dava gargalhadas a cada jorro de sangue que sa�a de sua boca. Juntou todas as suas for�as para conseguir entrar no carro e partir. Voltou para sua casa, destinado a dar um fim � pr�pria dor. Estacionou o carro na garagem que ficava anexo � sua casa e caminhou at� um quarto nos fundos, onde mantinha uma esp�cie de oficina, com ferramentas e todo tipo de equipamento para pequenos consertos em geral. Impensadamente apanhou um funil e um pote contendo �leo de motor. Firmou o funil contra a boca e despejou o l�quido consistente de encontro � sua garganta. Logo no primeiro gole, engasgou-se e caiu fraco, chorando no ch�o da oficina. Ouvia baixinho um som estranho, que traduziu como a risada sarc�stica do pequeno ser que agora adotara seu est�mago como lar. - Maldito! Vou mat�-lo! Voc� me paga! � gritou insano. A dor voltara, ainda com mais for�a, como que para provar seu poder contra ele. Alucinado pela dor, reuniu suas �ltimas for�as e colocou-se de p�. Cambaleou at� a parede forrada com ferramentas e pegou uma pequena foice no formato de gancho. Foi at� o afiador el�trico na parede oposta e o ligou. O ru�do se misturava com a dor e ele n�o conseguia mais raciocinar direito. Afiou a foice at� que seu fio fosse capaz de cortar a ponta de seu dedo apenas com um toque leve. Perdeu a no��o de quanto tempo isso levou. Parava apenas de tempos em tempos para cair de joelhos e vomitar seu pr�prio sangue, misturado com a carne de seus �rg�os, devido � dor insuport�vel que sentia e que vinha cada vez mais forte. Quando o fio ficou pronto, ele esfregou a l�mina contra o pr�prio dedo, deixando um grosso rastro de sangue para tr�s. O dor em seu est�mago parou brevemente, como que por m�gica. Ele deu uma risada alta, sonora, que n�o poderia ser dada por um homem s�o. Ergueu as duas m�os ao c�u, segurando a pequena foice com for�a. Nesse momento, sentiu uma dor maior do que todas que havia sentido at� agora. Era como se um peda�o grande de seu est�mago tivesse sido arrancado de uma s� vez. Abaixou-se e gritou maldi��es. Reuniu novamente suas for�as e levantou-se. Ergueu os bra�os novamente, e golpeou a foice contra seu pr�prio abd�men com toda sua for�a. Gritou de dor e sentiu o forte gosto de sangue novamente em sua boca. Mas as dores continuavam, nada havia mudado dentro de si. Puxou a foice pelo corpo, na dire��o do peito, ainda com a l�mina fria cravada em seu corpo. A l�mina chegou at� o centro de suas costelas e ele caiu de joelhos. Sua vis�o emba�ada n�o deixava que enxergasse nada � sua frente. Tentou continuar a cortar-se mas a dor era insuport�vel. Caiu de lado e sentiu seu est�mago ser revirado, como se algo jogasse suas v�sceras para fora de seu corpo, abrindo espa�o para poder sair. Tonto, n�o p�de identificar o dono do surdo ru�do que vinha de seu pr�prio est�mago. Sua cabe�a caiu para tr�s e assim ele morreu, sem ao menos ver o que havia causado a sua morte. |
Fábio Ricardo |
PERFIL
Fábio Ricardo
24 anos
Jornalista
Editor Assistente da Mundi Editora
Baixista da banda Fodzillas
Corredor de rua amador
Blumenau - SC
Fotolog
fabio_ro@hotmail.com
RECOMENDO
Pega no meu Blog
Mundo 47
Duelo
de Escritores
BLOGROLL
Rodrigo Oliveira
Santuário
dos Delírios
Texto
Decorado
Um Momento!
Invisível Particular
Controvérsias
Pitorescas
Verde Velma
Jululi
Lady Moondust
Bruna Berka
Continuo
Virtual
Rogério KRW
Ypê Amarelo
Coluna Extra
Projeto
Diego
LINKS
Flor de Laranja
Objetos de Desejo
Popload
Novo
em Folha
Ilustrada
Blog
da Soninha
Blônicas
Comunicadores
Judão
Sedentário & Hiperativo
Jacaré Banguela
Jovem Nerd
Designed by Natalia
Santucci
deliriocotidiano@yahoo.com.br
Blogger