fabrito

domingo, novembro 23, 2003
23:01

//EU ROUBEI ESSES VERSOSO COMO QUEM ROUBA P�O

Quando s� a chuva entende...
Bruna

Chovia tanto l� fora.
E eu olhava a rua, sentia o cheiro do asfalto molhado, gostava daquela sensa��o.
Gostava de ver as pessoas correndo dos pingos inconvenientes.
A chuva apertou.
Eu resolvi banhar-me naquela �gua f�tida, para livrar-me da ang�stia que sentia.
Sai sem rumo, deixando a chuva penetrar meu corpo, reparando em cada pingo caindo nas po�as. N�o me importei com minha sa�de fr�gil. N�o tive medo.
Continuei olhando e observando a �gua escorrendo daquela linda ponte, que sempre era t�o seca.
Olhei para frente e vi uma menininha.
Sozinha, parada, olhando para o ch�o, assim como eu.
Fiquei im�vel, admirando aquele ser pequenino. Confundi-me com o imagin�rio, lembrei-me de minha inf�ncia e o desespero voltou.
Desespero por nunca ter antes tomado um belo banho de chuva, por n�o ter falado muitas coisas que tinha que falar, por n�o ter feito coisas que deveria fazer, ou ter feito muitas outras coisas que n�o poderia.
Tudo por MEDO!
Por medo de curtir essa breve vida.
Por medo de contrariar minha mente conservadora e hipocondr�aca.

E olhei para aquela pequena menina, que me transmitia paz e desconforto.
Aproximei-me dela. A menina fitou-me longamente. Meus impulsos mandaram-me tir�-la da li, e esquent�-la. Mas seus olhos contrariavam meus impulsos.
Ela queria ficar l�, porque sabia viver.
Eu que tinha de aprender. Eu, com meus vinte e poucos anos, tinha de aprender!

Ela estendeu-me a m�o e passeamos at� a chuva cessar.

Fábio Ricardo

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